quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mas você adora um se...


Bote uma coisa na sua cabeça: você não escreve bem inconscientemente. Se você não sabe se consegue agradar quem o lê, é porque não consegue.

Pra não ser mais um chatolino de plantão, vou apenas tentar demonstrar como algumas tentativas de fazer bonito
sem as dicas deste blog podem fazer você se dar mal. Naturalmente, se você estiver disposto a pegar pesado na gramática para aprender tudo o que ficou perdido em 10 anos de escola, dou todo apoio. Mas se você não tiver esse espírito heroico todo, vamos lapidar juntos o seu dom de escrever com alguns caminhos, digamos, intuitivos.

Os posts com o marcador “enxugue sua língua” trarão as mais atrapalhadas experiências de rebuscamento de frases. Até você se tornar um membro da ABL, tenha em mente que o jeito limpo de escrever será sua melhor jogada.

Diga pra mim qual a necessidade de usar a palavra “se” nestas construções e eu lhe dou um iPod nano:

Deve-se emitir o provimento sem ouvir-se a parte contrária.

Compreender-se os efeitos produzidos pelos princípios é importante para a sua utilização prática.

É interessante se notar que, na Lei de Crimes Ambientais, a maioria das tipificações trata-se de normas penais em branco.

Esse caso de exclusão pretende garantir a lisura do processo eleitoral, afastando-se os eleitores que tenham incorrido na hipótese de cancelamento descrita no artigo 71 do Código Eleitoral.

Que tal você parar um minuto pra refletir sobre a dispensabilidade de cada palavra que usa? Não dá, né? Tudo bem. Mas tente lembrar que uma frase com “se” sobrando perde seu valor – quem sabe recorrendo a Djavan – e a refaça com verbos mais desapegados. Olha só que belezura:

Deve-se emitir o provimento sem ouvir a parte contrária.

Compreender os efeitos produzidos pelos princípios é importante para a sua utilização prática.

É interessante notar que, na Lei de Crimes Ambientais, a maioria das tipificações trata-se de normas penais em branco.

Esse caso de exclusão pretende garantir a lisura do processo eleitoral, afastando os eleitores que tenham incorrido na hipótese de cancelamento descrita no artigo 71 do Código Eleitoral.

Notou que ainda ficaram alguns? Pois é. Se você ficou em dúvida sobre a correção deles, aí eu sugiro um "usos do se" no Google. Mas garanto que a técnica de enxugamento proposta pode te fazer perder uns quilos.

5 comentários:

Anônimo disse...

O que predomina hoje é, infelizmente, a disseminação de falsos "rebuscadores", enchendo seus textos de palavras inadequadas (quando não inúteis) para velarem a falta de conhecimento. Parabéns pelo post.

Thiago Nunes
Advogado

Anônimo disse...

De fato, meu irmão, palavras bonitas andam longe de suprir a falta de conteúdo de determinados textos jurídicos. Observamos, cada vez mais, a baixa densidade de alguns textos, o que nos deixa, de veras tristes.
Bruno Cordeiro
Advogado

Antônio Carlos "Segundo" disse...

Rpz... gostei pra caramba da linguagem no post!! A leitura fica bem legal! Professor Rodrigo Pascoal!

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog, Rodrigo! É muito bom saber que podemos contar com as suas dicas preciosas por meio de leituras agradáveis.

José Carvalho

Anônimo disse...

Gostei da reportagem!!!Devemos sempre observar essas dicas ao escrevermos. Muitas vezes as pessoas tentam "enfeitar" tanto seus textos com palavras desnecessárias, que transformam a leitura dos mesmos cansativa e desgastante.
É muito bom poder contar com suas dicas!!!
Parabéns pelo blog!!!

Joice Araujo ( Teresina-PI)

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